quarta-feira, 21 de março de 2012

PB só tem 35% da caatinga; 195 hectares foram devastados este ano

ALINE MARTINS E HARYSON ALVES

No Dia Mundial da Floresta, comemorado hoje, um relato preocupante na Paraíba. Há duas semanas, o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e de Recursos Naturais Renováveis (Ibama) na Paraíba, realizou a Operação Borborema, que através de denúncias, constatou que 195,5 hectares da caatinga no Estado foram desmatados ilegalmente nos últimos meses, o que corresponde aproximadamente a 196 campos de futebol. Preservar as áreas verdes é um desafio que será debatido na Conferência Rio+20, em junho.

Segundo o superintendente em exercício do Ibama, Edberto Farias Novaes, o Estado só possui 35% da cobertura original da Caatinga e as áreas com maiores focos de desmatamento são Sertão e o Curimataú, principalmente na cidade de Princesa Isabel. “Isso se deu devido à expansão da fronteira agrícola, destinada ao plantil, à pecuária e à venda ilegal de lenha”, explicou.

Na operação, os técnicos do órgão aplicaram mais de R$ 264 mil reais em multas, com 23 autos de infração lavrados, e embargadas atividades em 195,5 hectares da caatinga que foram desmatados ilegalmente. Os embargos visaram garantir a regeneração da vegetação do único bioma exclusivamente brasileiro, que ocupa 10% do território nacional, ou seja, 800 mil quilômetros quadrados, distribuídos pelas unidades federativas da Região Nordeste e o norte do estado de Minas Gerais (região Sudeste).

Princesa: área mais crítica

As imagens do território que apresentaram desmatamento foram feitas por monitoramento via satélite e conforme os dados de sensoriamento remoto, na Paraíba, as regiões do Sertão, Cariri e Curimataú sofrem mais com o desmatamento ilegal, tendo 20 polígonos que apresentaram problemas. De acordo com o Ibama na Paraíba, o município de Princesa Isabel concentrou a maior concentração de polígonos com problemas de desmatamentos.

Ainda segundo o Ibama, os técnicos do órgão notaram que o desmatamento haviam sido efetuados recentemente e que não puderam ser detectados através do sensoriamento remoto. Conforme o órgão, os locais que desenvolviam agricultura de subsistência, constatadas pelas equipes de fiscalização, não tiveram esta atividade embargada, através do artigo 16 do Decreto 6514/08, dada a vulnerabilidade social na região e a ameaça que o embargo das lavouras de subsistência representaria à segurança alimentar dos pequenos agricultores e suas famílias.

Mata Atlântica

Na Paraíba, segundo pesquisa da Fundação SOS Mata Atlântica e Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), realizado em 2010 e divulgado no ano passado, apontou que 75.641 hectares de florestas no estado. Sendo que do total, 64.520 de mata e 11.121 de mangue. A área total do Estado é de 5.691.967.

Ainda de acordo com essa pesquisa, o município de Santa Rita, na Região Metropolitana de João Pessoa, tem 13.772 hectares remanescentes de Mata Atlântica. Já Rio Tinto teve 9.093 hectares. Ambos foram os primeiros colocados como municípios com maior quantidade desse bioma. Segundo o Ibama, o estado possui 8% da cobertura original da Mata Atlântica e os locais onde há mais focos de desmatamento são os que estão em limite com os aglomerados urbanos, assim como as regiões onde há manguezais e restingas.


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