Monteiro terá até banco de emprego para disponibilizar mão-de-obra às empresas que trabalharão no projeto.
Correio da Paraíba
Edição de 12 de julho de 2009 – Caderno Economia
Marcelo Rodrigo
Dentro de dois meses, começa em Monteiro, a construção de um dos dois eixos do projeto de Integração do Rio São Francisco com as Bacias Hidrográficas do Nordeste Setentrional. As obras demandarão, até o próximo ano, R$ 4,8 bilhões do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) do Governo Federal e o investimento inicial apenas na Paraíba chegará a R$ 1,22 bilhão. No final de 2009, os canais do Eixo Norte e Leste já estarão percorrendo 134 quilômetros em terras paraibanas e beneficiarão, além da Paraíba, Ceará, Rio Grande do Norte e Pernambuco. A previsão do Ministério da Integração Nacional é de que 2,5 milhões de habitantes em 127 municípios paraibanos sejam beneficiados. Além disso, serão gerados cerca de três mil empregos.
Em 15 dias, a prefeitura de Monteiro irá criar um Banco de Emprego Municipal (BEM) para disponibilizar mão-de-obra local às empresas do consórcio que trabalharão na obra. É esperado aumento de 50% na economia local. Comerciantes e trabalhadores se animam com a chegada do canal que, além de matar a sede, promete saciar necessidades como emprego e renda.
No Canteiro de Obras de Sertânia (PE), as informações são racionadas e o acesso é restrito. Todo trabalho está sendo desenvolvido em ritmo acelerado, inclusive no turno da noite. São tratores, caçambas e operários trabalhando durante todo o dia para que a obra fique pronta e tenha sua primeira etapa inaugurada ano que vem.
O projeto de Integração do rio prevê a construção dos canais Eixo Norte e Leste, divididos em 14 lotes. Aproximadamente 12 milhões de habitantes dos quatro estados serão beneficiados com a obra, que também prevê geração de empregos, e inclusão social.
Até Agora, só 14% realizados
De acordo com o coordenador geral de Campo do Escritório Regional do Ministério da Integração Nacional de Salgueiro (PE), Frederico Fernandes de Oliveira, atualmente, 14% da obra estão prontas e, nos próximos meses, serão iniciadas as construções no estado da Paraíba.
“No Eixo Norte, os trabalhos de mobilização de pessoal foram recentemente iniciados no Lote 7 (municípios envolvidos: São José de Piranhas e Cajazeiras), no final deste lote as águas do São Francisco irão desaguar na Barragem Engenheiros Ávidos, Coremas e Mãe D´água. Ainda no Eixo Norte, o Lote 14 já contratado, e que tem por objetivo a construção dos túneis Cuncas I e Cuncas II, este último localizado no Estado da Paraíba, tem previsão de início nos próximos 60 dias”, informou o coordenador.
Frederico disse também que no Lote 12 do Eixo Leste, que se inicia em Sertânia (PE) e chega ao estado da Paraíba em Monteiro, já está mobilizado na região de Custódia (PE) com máquinas e pessoal. Segundo ele, a previsão é de que já nos próximos meses
sejam iniciados o desmatamento e escavação nos terrenos paraibanos, para que o Eixo Leste fique pronto no próximo ano.
Canteiro de obras monumental localiza-se no município de Cabrobó em Pernambuco
Coordenador explica os gastos
O coordenador geral de campo dos Eixos do projeto São Francisco também informou como serão os investimentos no estado da Paraíba. “Em valores iniciais e somente dentro da Integração de Bacias do Projeto São Francisco (Eixos Norte e Leste) serão investidos mais de R$ 1,22 bilhão exclusivamente em obras dentro do Estado da Paraíba. Pela solicitação urgente, este número não contempla os custos de implantação das Vilas Produtivas Rurais e nem os equipamentos elétricos e mecânicos que ainda não foram computados exclusivamente para o estado da Paraíba”, explicou.
Conforme Frederico, a obra pode gerar até três mil empregos. “É uma estimativa, mas os números de outros lotes (em plena execução) mostram que teremos em torno de 1.200 empregos por lote. Fazendo uma projeção incluindo os trabalhadores que construirão as Vilas Produtivas, o Estado da Paraíba terá mais de três mil empregos diretos”, destacou.
Segundo o coordenador, o Ministério da Integração Nacional inseriu cláusula nos contratos de execução das obras de todos os 14 Lotes do Projeto São Francisco, determinando que a mão-de-obra alocada deverá ser preferencialmente local. Hoje, a realidade mostra que toda a mão-de-obra disponível na região da obra está empregada.
Integração do rio passa por 3 cidades da Paraíba
475 terrenos foram desapropriados para a construção da obra em Monteiro, São José de Piranhas e Cajazeiras
O projeto de Integração do Rio São Francisco vai ser desenvolvido na Paraíba em três municípios: Monteiro, São José de Piranhas e Cajazeiras. De acordo com o coordenador de Desapropriação do Departamento Nacional de Obras Contra as Secas (Dnocs), Rubem Lopes, ao todo na Paraíba 475 terrenos foram desapropriados para a construção da obra. Só no município de São José de Piranhas, que terá a maior extensão do canal, foram 322 desapropriados. Em Monteiro o órgão desapropriou 104 terrenos. Entretanto, apenas 147 dos proprietários, o equivalente a 30% do total, foram indenizados até agora. O Governo já encaminhou R$ 22 milhões para as compensações
Rubem Lopes informou que os proprietários que ainda não receberam indenizações estão ajustando o valor através de acordo judicial. E este é mais um fator que dificulta o início do processo no Estado. “As empresas que irão executar as obras dos 16 lotes do Eixo Leste já receberam ordem de serviço para começar as atividades”, afirmou.
Desapropriação
No município de Cajazeiras foram 49 terrenos desapropriados e em Monteiro foram 104. O Governo Federal está desapropriando uma área de aproximadamente 150 metros de largura no caminho por onde seguirá o canal. O valor da indenização será calculado com base em um estudo sobre o tipo de solo da propriedade (cascalho, chapada ou aluvião) e o valor de mercado em cada município.
Reservatórios contemplados
Frederico Fernandes, coordenador geral de Campo do Escritório Regional do Ministério da Integração Nacional de Salgueiro (PE), informou que, em sua maioria, o canal atravessará o Estado em seção aberta (em torno de 134 km). Três grandes reservatórios estão contemplados (capacidade total de 365 milhões de metros cúbicos). Também serão executados 12,6 km de túneis, 8 km de aquedutos, 4 km de adutoras e mais de 250 casas dentro das Vilas Produtivas Rurais (Programa de Reassentamento de Populações na Faixa de Obras).
O coordenador de campo do Eixo Leste, Lusbene Cavalcante, disse que a obra depende apenas de liberação judicial que está analisando a documentação dos proprietários indenizados. O canal vai percorrer aproximadamente 20 km até encontrar o leito do Rio Paraíba, que corta o Centro da cidade. A obra entrará no Estado pelo povoado de Pernambuquinho, seguindo pelos Sítios Mulungu I e II, Pau D´arco, Tamanduá e chegando à zona urbana.
Foi confirmada instalação de cinco Vilas Produtivas Rurais no Sertão paraibano que beneficiarão mais de 250 famílias. Os pesquisadores estão estudando a criação de mais uma Vila em Monteiro, na Fazenda Lafayete.
Nos municípios pernambucanos, onde as obras já foram iniciadas desde outubro de 2008, os comerciantes verificaram aumento na movimentação econômica e crescimento de seus estabelecimentos para suprir a demanda gerada pelas obras. Alguns restaurantes já fornecem pacotes de três refeições diárias e hotéis ampliam a oferta de quartos. Além disso, terrenos de sítios e povoados têm valorização de 400%
quarta-feira, 22 de julho de 2009
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