quarta-feira, 22 de julho de 2009

Transposição na Paraíba

O início das obras para integração de bacias, através da transposição do Rio São Francisco para a Paraíba, está previsto para o próximo mês de abril. Vão ser criados três mil empregos diretos somente em território paraibano. Algumas ordens de serviços de obras já foram assinadas e as demais terão assinatura no mês de fevereiro. As informações exclusivas são do Ministério da Integração Nacional.

Três consórcios envolvendo nove grandes construtoras executarão as obras dos lotes 7, 12 e 14, dentro do estado. A transposição de águas do São Francisco é a mais importante obra hídrica do país, projetada há mais de 160 anos e somente agora se concretiza. A conclusão do Eixo Leste, que atende a Paraíba através de entrada de água na região de Monteiro, no Cariri, está programada para o final de 2010, quando o presidente Luiz Inácio Lula da Silva estará aqui para inaugurar a obra, considerada a maior do século para os nordestinos. Os investimentos superam R$ 5 bilhões.

O Eixo Norte, que trará as águas através da região de Cajazeiras, no Sertão, será concluído em dezembro de 2012. De acordo com o engenheiro-coordenador de Fiscalização do Projeto de Integração do São Francisco, Frederico Fernandes de Oliveira, do Ministério da Integração, os lotes de obras que cortam a Paraíba - 7 (Norte), 12 (Leste) e 14 (Norte) devem ser inicialmente em abril, com a mobilização de pessoal e equipamentos.

O Lote 12, segundo Frederico, já recebeu ordem de serviço de mobilização de pessoal e equipamentos, bem como instalação de canteiro de obras. A engenharia empregada nestes trechos engloba grandes obras de terraplanagem (canais de adução, barragens, adutoras e túneis). Os municípios diretamente envolvidos serão no Eixo Norte (Monte Horebe, São José de Piranhas, Cajazeiras, Cachoeira dos Índios, Bom Jesus, Santa Helena, Triunfo, Poço de José de Moura e Uiraúna) e no Eixo Leste, o município de Monteiro.

Entre as empresas que administrarão as obras estão as empresas Carioca S/A, Paulista e Serveng Civilsa - Lote 7; OAS, Galvão, Barbosa Mello e Coesa - Lote 12; e Construcap, Ferreira Guedes, Toniollo Busnello e Ambiental - Lote 14.

Na Paraíba, a transposição vai gerar três mil empregos diretos e garantir maior oferta de água para 2,5 milhões de paraibanos de 127 municípios; isto até 2025, através do aumento da garantia de água dos açudes Epitácio Pessoa, Acauã, Engenheiro Ávidos, e do sistema Coremas-Mãe-D'Água. As águas do São Francisco chegarão às bacias dos rios Paraíba e Piranhas.

De acordo com o secretário da Infraestrutura, Francisco de Assis Quintans, a princípio, serão beneficiados 54 municípios paraibanos com obras de projetos básicos ambientais, sendo 36 cidades do Sertão (Norte) e 18 municípios do Cariri (Leste). O projeto prevê a coleta e tratamento de esgotos; tratamento e distribuição de água potável; destino final dos resíduos sólidos (lixo); e drenagem de águas pluviais no Cariri para não poluir o Rio Paraíba. No Sertão, a ideia é não poluir os rios Piancó, Piranhas e do Peixe.

O Governo do Estado, no entanto, está pleiteando a inclusão de mais 22 cidades sertanejas localizadas na região do Rio Piancó. O coronel Ferreira, engenheiro militar reformado do Exército e assessor técnico da Secretaria de Infraestrutura do Estado, revela que, com relação aos 54 municípios, os projetos de água e esgotos já estão contratados e serão executados por uma firma paraibana, a Arco Projetos Ltda, do grupo George Cunha.

A transposição também beneficiará a Paraíba com a perenização de todos os trechos dos rios Paraíba e Piranhas, em associação com os sistemas adutores que estão sendo implantados há alguns anos com mais de 600 quilômetros de extensão. Orçado em R$ 5 bilhões, o projeto vai beneficiar 12 milhões de pessoas dos estados da Paraíba, Rio Grande do Norte, Pernambuco e Ceará.

Canais

O Projeto de Integração do Rio São Francisco com as Bacias Hidrográficas do Nordeste Setentrional envolve a construção de dois canais: o Eixo Norte, que levará água para os sertões de Pernambuco, Ceará, Paraíba e Rio Grande do Norte; e o Eixo Leste, que beneficiará parte do Sertão e a região Agreste de Pernambuco e da Paraíba.

O Eixo Norte, a partir da captação no Rio São Francisco próximo à cidade de Cabrobó - PE, percorrerá cerca de 400 km, conduzindo água aos rios Salgado e Jaguaribe, no Ceará; Apodi, no Rio Grande do Norte; e Piranhas-Açu, na Paraíba e Rio Grande do Norte. Ao cruzar o estado de Pernambuco, este eixo disponibilizará água para atender as demandas de municípios inseridos em três sub-bacias: Brígida, Terra Nova e Pajeú.

Para atender a região do Brígida, no oeste de Pernambuco, foi concebido um ramal de 110 km de comprimento, que derivará parte da vazão do Eixo Norte para os açudes Entre Montes e Chapéu. Projetado para uma capacidade máxima de 99 m³/s, o Eixo Norte operará com uma vazão contínua de 16,4 m³/s, destinados ao consumo humano. Em períodos recorrentes de escassez de água nas bacias receptoras e de abundância na bacia do São Francisco (Sobradinho), as vazões transferidas poderão atingir a capacidade máxima.

Os volumes excedentes transferidos serão armazenados em reservatórios estratégicos existentes nas bacias receptoras: Atalho e Castanhão, no Ceará; Armando Ribeiro Gonçalves, Santa Cruz e Pau dos Ferros, no Rio Grande do Norte; Engenheiro Ávidos e São Gonçalo, na Paraíba; e Chapéu e Entre Montes, em Pernambuco.

O Eixo Leste, que terá sua captação no lago da barragem de Itaparica, no município de Floresta - PE, se desenvolverá por um caminhamento de 220 km até o Rio Paraíba - PB, após deixar parte da vazão transferida nas bacias do Pajeú, do Moxotó e da região Agreste de Pernambuco. Para o atendimento das demandas da região Agreste de Pernambuco, o projeto prevê a construção de um ramal de 70 km que interligará o Eixo Leste à bacia do Rio Ipojuca.

Vitrine do Cariri
A União

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